Como você já viu aqui, o Programa Material Escolar (PME) traz tantas vantagens que provoca uma verdadeira “revolução papeleira” nas regiões onde é implantado.
O passado
“Antes, alguns municípios não ofereciam nada aos estudantes em termos de material escolar; muitos, a maioria, inclusive, ainda hoje não oferece”, comenta Márcia Alves, executiva da Associação dos Distribuidores de Papelaria (ADISPA).
A partir daí, alguns deles criaram projetos sociais voltados à educação e passaram a adquirir material escolar por meio de licitações e distribui-los para os alunos da rede pública de ensino. São as chamadas compras governamentais.
O que em um primeiro momento parecia um benefício, acabou revelando uma série de desvantagens para alunos, varejo e o próprio poder público local.
“O que se vê na prática é que dificilmente alguma empresa daquele município ou estado ganha a licitação. Hoje, existem empresas especializadas em licitações nos grandes centros que normalmente saem vencedoras”, aponta Márcia.
Na avaliação da executiva, o PME “beneficia a todos”, uma vez que:
- Fomenta o comércio local;
- Gera empregos;
- Mantém a verba dentro do setor (indústria e varejo) de material escolar;
- O dinheiro do programa circula dentro do município;
- Os impostos recolhidos ficam no próprio município, e não no erário da região onde está sediada a empresa vencedora da licitação;
- Evita o desperdício, já que o aluno não precisa comprar um material bem conservado do ano anterior, como uma tesoura ou mochila, por exemplo.
Tudo isso sem contar o benefício direto para a autoestima dos alunos beneficiados:
“As papelarias nas regiões onde existe Programa Material Escolar relatam a alegria das crianças de poder escolher o que vão levar para a escola. Porque a volta às aulas é um evento, né? Tem toda aquela expectativa, aquela ansiedade, aquele prazer de arrumar a mochila com o que ele comprou”, diz a executiva.
O presente
Por um lado, as compras governamentais fizeram muitas papelarias perder faturamento, dispensar funcionários e até fechar as portas – a ADISPA cita casos de queda na receita entre 20% e 40%.
Por outro, nas regiões em que o PME foi implantado as lojas viram seu faturamento aumentar entre 5 e 15 vezes, também de acordo com a executiva da associação.
Além do trabalho contínuo de convencimento de prefeituras e governos estaduais de todo o país para implantar o Programa Material Escolar, a ADISPA tem dois projetos no radar para aprimorar o programa.
Um deles é escolher um município como case e levantar todas as informações sobre quantas papelarias fecharam com o início das compras governamentais, quantas abriram após a implantação do PME, em quanto aumentaram o faturamento etc.
O outro visa a mapear todos os municípios brasileiros para descobrir quais já adotam o Programa Material Escolar além daqueles conhecidos (link para matéria 1) pela entidade.
E o futuro?
Na opinião de Márcia, o futuro do Programa Material Escolar está na implementação em um número cada vez maior de localidades.
“Eu sou muito otimista em relação a isso. Eu sinto uma diferença no interesse, ao longo dos anos, por parte dos órgãos governamentais. Eles já veem o programa com outros olhos quando o apresentamos”.
Por se tratar do que a executiva chama de “trabalho de formiguinha”, ainda não dá para estimar a taxa de crescimento na quantidade de municípios que virão a adotar o PME nos próximos anos.
“Hoje a aceitação já está melhor do que ontem e tenho certeza de que amanhã será ainda melhor. Nosso sonho de consumo é que os governantes comecem a entender espontaneamente os benefícios do programa sem a gente ter que explicar”.
Márcia cita a cidade de Faxinal dos Guedes, em Santa Catarina, que adotou o PME recentemente. Localizado a cerca de 500 quilômetros da capital Florianópolis, a cidade abriga pouco mais de 11 mil habitantes.
Embora aparentemente pequeno, o número de 1.700 alunos beneficiados pelo programa fez uma grande diferença para a economia local.
Nas redes sociais, a ADISPA relata pelo menos três novas localidades em que a conversa sobre o PME com as autoridades está bastante adiantada: Londrina, no Paraná; Santos, em São Paulo; e no Estado de Mato Grosso.
“No futuro, talvez no médio prazo, muitos municípios vão querer implantar o PME. E este futuro vai ser um divisor de águas dentro do setor papeleiro, poque, na hora que isso acontecer, vai ter muito dinheiro circulando na economia local”, prevê.
Aqui na Escolar Office Brasil, a gente torce para a previsão da executiva da ADISPA se concretizar o quanto antes!
No próximo conteúdo, você vai aprender o passo a passo para uma papelaria começar a vender por meio do Programa Material Escolar nas regiões onde o programa já está implantado.
O Programa Material Escolar é uma iniciativa da ADISPA (Associação dos Distribuidores de Papelaria), ABFIAE (Associação Brasileira de Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório), ABIGRAF (Associação Brasileira da Indústria Gráfica) e SIMPA (Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório e Papelaria de São Paulo), com apoio da Escolar Office Brasil.